1ª. Entender que o sono do bebê é diferente do sono da criança ou do adulto, correspondendo às necessidades do momento de seu crescimento, que implica em ciclos de sono em intervalos mais curtos (por volta de 50 minutos) e, portanto, mais despertares noturnos normais.
2ª. É possível melhorar o sono do bebê para que ele próprio aproveite ao máximo os momentos de descanso e para que a família como um todo também tenha paz sem precisar utilizar métodos que impliquem em choro para acostumar o bebê a uma rotina que não é própria à sua fase de crescimento.
3ª. Existem algumas intercorrências que podem prejudicar o sono do bebê (gases e cólicas, refluxo gastroesofágico, catarro, saída dos dentes, alergias alimentares, apneia são algumas). É interessante observar e descartar essas possibilidades nesse processo de busca de um sono mais tranquilo.
4ª. O ciclo do sono passa por diversas etapas, do mais superficial ao mais profundo. Podemos nos lembrar disso na hora de nos afastarmos do bebê (apenas tirando-o do peito ou do colo para a cama ou berço). Há um estágio do sono a partir do qual é muito mais difícil que o bebê acorde ao sairmos de perto. Preparar-se para fazer o bebê dormir já considerando esse tempo que não é tão imediato ao fechar dos olhinhos pode ajudar a não ter que recomeçar o processo diversas vezes. Acompanhar o bebê em seus horários de sono quando possível também pode ser uma ótima estratégia de ampliar o descanso dos pais.
5ª. É no processo de dormir que se dá boa parte da atividade cerebral responsável por sedimentar as aprendizagens e experiências de quando estamos despertos, sendo fundamental para o sistema nervoso promover a saúde do sono.
6ª. Os microdespertares entre um ciclo e outro do sono não são um problema, muito pelo contrário. Além de serem uma herança evolutiva importante para a sobrevivência dos nossos ancestrais, acordar de leve e mudar um pouco de posição, esticar o corpo, é uma estratégia de conservação das nossas articulações, músculos e pele válida até hoje e, para o bebê, garante a proximidade dos progenitores que lhe conferem segurança.
7ª. Os recém nascidos e bebês de até 1 ano precisam se alimentar com freqüência. No primeiro ano de vida triplicam seu peso de nascimento, num crescimento vertiginoso que nunca mais viverão naturalmente ao longo da vida. Ao nascer seu estômago é do tamanho de uma cereja, conferindo-lhes uma autonomia limitada em relação à fonte de energia externa. Portanto é desvantajoso que tenham um sono tão contínuo, necessitando ao contrário de pequenas sonecas ao longo das 24 horas do dia e diversos intervalos despertos para poderem se alimentar com freqüência.
8ª. A amamentação não é uma inimiga do sono dos pais nem do bebê. Ao contrário, amamentar durante a noite pode ser muito relaxante para a mãe na medida em que são liberados hormônios que relaxam e dão sono. As mães que praticam a cama compartilhada com freqüência amamentam seus filhos deitadas quase sem despertar durante as mamadas noturnas, os bebês também mamam sem acordar totalmente, o que permite que a amamentação tenha continuidade sem que a família perca o sono.
9ª. É possível adaptar a casa e os hábitos para favorecer que os bebês (e os adultos também) durmam: reduzir ruídos e movimentação na casa, iluminação e ventilação adequadas, temperatura do quarto, disponibilidade de um cuidador próximo para embalar, cantar, contar uma história, roupas confortáveis…
10ª. Os ciclos cicardianos curtos do bebê vão se estendendo gradualmente conforme ele vai crescendo, tornando os despertares noturnos e a necessidade de contato com o adulto cada vez menos freqüentes. Este processo é natural e não deve ser acelerado, sob o risco de acarretar em prejuízos importantes ao sono da criança.
11ª. Vale a pena fazer um estudo do sono do seu filho, registrando os horários em que dorme e desperta durante alguns dias. Ao final de uma semana, a partir desse registro, é possível traçar um perfil do sono do bebê e a rotina que ele próprio desenvolveu. Estabelecer uma referência de horários que não seja rígida mas permita organizar a vida cotidiana é muito bom e possível! A rotina ajuda os cuidadores da criança a perceberem e atenderem com mais prontidão as suas necessidades.
12ª. A última dica é não desistir de melhorar o esquema de sono da família, procurando aperfeiçoar o que não está satisfatório. Privação de sono é sinônimo de estresse. O descanso de todos é muito importante para a saúde da família como um todo!
A penúltima dica se encontra mais detalhada no Guia Prático Dormir Sin Llorar, de Rosa Jové. Se quiser mais alguma informação sobre como fazer esse estudo, me pergunte! Terei prazer em ajudar. 🙂
As demais foram sintetizadas a partir do livro Dormir Sin Lágrimas da mesma autora, de leituras diversas dos escritos do pediatra espanhol Carlos Gonzáles e da minha própria experiência como mãe.