Uma paciente mãe de um bebê de 6 meses trouxe uma preocupação sobre uso do carrinho para embalar o sono do filho. Ele vinha sendo embalado todas as noites no carrinho e passando as primeiras horas ali, onde ela e o marido conseguiam fazê-lo voltar a dormir rapidamente se ele despertasse. Consultei alguns colegas na área de desenvolvimento motor infantil, pela frente da abordagem pikler ou pela osteopatia, e listei aqui algumas recomendações que compilei deles e também do artigo cientifico mais recente que localizei sobre o tema. Chamou minha atenção que seja mais fácil o acesso a material publicado sobre as questões de segurança e não sobre o impacto sobre o desenvolvimento motor. Acredito que outras famílias possam ter dúvidas semelhantes, já que o sono do bebê é um dos nossos grandes desafios e o carrinho é um senhor aliado.
– cabeça caída para o lado ou pendurada (geralmente quando o carrinho tem uma inclinação). Observar esse posicionamento pois desfavorece o desenvolvimento das curvas da coluna e interfere numa boa respiração.
– alguns cuidadores procuram ajustar a posição da cabeça com um travesseiro ou um paninho enrolado, porém, é necessária supervisão constante pois corre-se o risco de asfixia, que é particularmente importante nos bebês até 4 meses ou até a idade em que não consigam se desvencilhar sozinhos de uma situação de dificuldade respiratória.
– a inclinação dos carrinhos costuma ser mais desfavorável para bebês que ainda não ganharam equilíbrio, força muscular e altura porque ficam muito passivos, sem conseguir se movimentar. A inclinação de um bebê que ainda não está sentando com autonomia (que ele se coloque sentado e consiga sair da posição por conta própria) o coloca em posição verticalizada antes que a musculatura e as articulações estejam preparadas para esta posição. Inibe a construção do desenvolvimento motor autônomo.
– os carrinhos que podem ficar na horizontal são os mais indicados.
– os tecidos e materiais de que são feitos os carrinhos costumam ser sintéticos, pouco confortáveis, e em geral os bebês saem sempre suados, principalmente em regiões quentes.
– conforme o bebê vai crescendo, um cuidado importante no uso do carrinho, seja para dormir, seja para passeio, é verificar o apoio dos pés. Não deixar que os pés fiquem pendurados, forçando as articulações e musculatura inferiores.
– a transferência do carrinho para outra superfície durante o sono pode ser uma tentativa, mas ao redor de 6, 7 meses e, conforme a característica de cada criança, há a probabilidade de despertar na transferência.
– a rede ou a própria companhia do adulto na cama podem ser boas alternativas que permitem o balanço, a companhia e frequentemente do contato físico de que os bebês tanto necessitam sobretudo no momento do sono. É possível encontrar caminhos seguros que não sobrecarreguem nem ofereçam prejuízos ao desenvolvimento postural do bebê nem dos pais.
Após as reflexões que fizemos juntas e orientações, a família conseguiu mudar o esquema de sono fazendo o bebê dormir diretamente na cama, com amamentação deitada: “Um desfecho tranquilo, natural, em que todo mundo saiu ganhando. A posição preferida dele é de bruços”.
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Artigo consultado: SIDS and Other Sleep-Related Infant Deaths: Updated 2016 Recommendations for a Safe Infant Sleeping Environment http://pediatrics.aappublications.org/content/138/5/e20162938
Profissionais colaboradores:
Mariana Huck, Rafael Correa e Sandra Sisla.
Artigo interessante, irei até retornar ao seu site com mais
frequência, para mais artigos como estes. Obrigada