Venho pensando muito nesse assunto nessas últimas semanas, com a proximidade do final de ano. Todos não vêem a hora do Natal chegar para termos aquele esperado respiro de uns dias em que os ritmos se desaceleram um pouco. Mas notavelmente começou a me chamar atenção que as mães parecem meio desanimadas, a começar por mim mesma…
Os feriados sagrados em que até os supermercados 24h de São Paulo, que nunca fecham, tem o seu momento de indisponibilidade… A farmácia da esquina de casa fecha e só fica aberta aquela maiorzona na avenida, para uma emergência. A padaria vai abrir, mas só depois do meio-dia.
Somos capazes de agüentar o ano todo de correria por sabermos dessa pausa garantida lá na frente. Só que nããããão… Será que às mães também é garantido esse lampejo de luz no fim do túnel??
O bebê não sabe o que é férias. Ele não tem carteira de trabalho, 13º. ou nem mesmo ainda um relógio interno que lhe dê qualquer noção dessa passagem de tempo cíclica que cumprimos ano a ano tão naturalmente. Na verdade, para eles, todo dia é dia. Tanto faz se é Natal ou o 1º. do ano, acordar tarde porque os pais estão cansados, exaustos do ano inteiro, não faz parte do repertório nessa fase da vida.
Como posso me preparar para não voltar das férias – com ou sem viagem – mais cansada do que fui? Nas assim chamadas férias, perderei praticamente toda minha rede de apoio, minha casa que está bem adaptada à fase do meu filho, sem perigos iminentes que me façam ter que ficar vigiando cada passo dele… Puxa, jura que temos que ir para outro lugar? Tem como transportar tudo e todos para lá onde vamos “estar de férias”? Ao mesmo tempo é tão interessante levá-lo para descobrir outros ambientes e relações, mudar de ares…
Turbilhão de pensamentos. Angústias vindas de viagens anteriores ao nascimento do meu filho, com lembranças de casais com filhos parecendo um pouco estressados em plenas férias… na minha mais tenra ingenuidade em relação ao que para eles poderia estar sendo aquela experiência devastadora de expectativas frustradas.
Não tenho uma solução. Só muitas indagações e algumas pistas de caminhos para promover cuidado e acolhimento… Uma paciente me diz, triste e indignada: “Ninguém vai acordar às 7h com o meu filho para eu dormir um pouco mais, já que estou o ano inteiro fazendo isso!” É como se dissesse… “Hello, alguém está me vendo aqui nessa função exaustiva há mais de 1 ano???
E outra mãe diz: “Puxa, não vejo a hora de chegar minha mãe pois ela acorda cedo naturalmente e adora ficar com minha filha neste horário das 6h! Eu só quero ficar um pouquinho mais na cama…”
Duas situações semelhantes, experiências totalmente distintas.
Fico me perguntando se o desafio não seria esse mesmo de entender nossas próprias expectativas. O que eu quero para esse fim de ano? Como me projeto nesse tempo-espaço pleno de possibilidades?
Bom final de ano!!!