Essas dicas estão baseadas no princípios da #criacaocomapego, teoria polivagal e modelo do cérebro tri-uno.
Quando ocorre um conflito entre as crianças ou entre o adulto e a criança, se ativa na criança o sistema reptiliano, que faz com que ela acione seus comportamentos de luta e fuga. Choro, grito, tapas, atirar objetos são comportamentos de luta. Se fechar, ficar em silêncio são fuga. Na situação de conflito, a criança já não está no melhor desempenho das suas capacidades cognitivas. Ela precisa em primeiro lugar se acalmar.
Para acalmar a criança, instruções do tipo “Peça desculpas ao seu amigo” ou “Peça desculpa para mim” não ajudam em nada. Instruções e solicitações neste momento vão elevar ainda mais o estresse da criança, que não está entendendo muito bem ainda o que está sentindo e o que aconteceu na relação com o outro. A melhor forma de ensinar essa conduta reparatória não é através de instruções verbais.
O melhor caminho para mediar o conflito é acalmando com o corpo e com a fantasia, ajudando a criança ou o grupo a expressarem o que aconteceu com suas palavras. A proximidade física e a fantasia, a linguagem do faz-de-conta, são fundamentais. Através da imaginação muitas vezes a criança consegue expressar seus pensamentos e sentimentos, tendo a certeza de que o adulto está interessado pois está ali pertinho dela ouvindo-a e embarcando com ela em sua viagem imaginativa.
As crianças levam até cerca de 12 anos ou mais para desenvolver a capacidade da empatia. Antes disso, o pedido de desculpas porque o adulto solicitou será meramente um comportamento exterior à criança, que não faz sentido para ela e ela apenas o entrega ao adulto como forma de corresponder à sua expectativa. É o famoso “da boca pra fora” e pode até mesmo gerar muita raiva e desconexão com o adulto, se a criança se sentir injustiçada e não vista na situação.
Além de ouvir a narrativa das crianças então sobre o que aconteceu e ajudá-las a expressar os sentimentos vividos, podemos também ao final desse processo falar das nossas percepções como adultos. Por exemplo: “João, eu acho que o José não queria machucar você. Ele estava querendo brincar com vc, pq ele gosta muito de vc, mas sem querer ele acabou esbarrando e machucou. Mas não foi por mal. Eu acho que ele gosta muito de você. É isso, José?”
Para essas situações: eu gosto muito de frases desse tipo:
“Todo mundo erra, faz alguma coisa que não dá certo às vezes. Não tem problema, acontece.”
“Todo mundo está aprendendo. As crianças e os adultos também, todos estamos aprendendo.
E a questão do pedido de desculpas então pode surgir espontaneamente, no decorrer do crescimento, quando a criança estiver realmente se sentindo conectada com o sentimento do outro. Podemos facilitar isso dando o exemplo na nossa relação com ela ou com os outros ao nosso redor. Pedindo desculpas à criança quando sem querer damos um arranhão nela ou esquecemos de fazer algo que havíamos prometido a ela. Dar o exemplo é a forma mais eficaz de ensinar muitas coisas às crianças. Faça o que eu faço (não só o que eu digo).
É um desafio para nós adultos admitirmos que a criança merece todo esse cuidado e respeito e oferecemos a ela essa compreensão quando nós fomos tão incompreendidos na nossa própria infância e mesmo assim, estamos aqui, sobrevivemos. Mas é possível, quando nos sentimos tocados de alguma maneira, vemos que podemos dar a eles a possibilidade de ir além da sobrevivência. Viver plenamente, com satisfação e feliz nos relacionamentos.
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