– porque um bebê ao nascer e nos seus primeiros meses de vida precisa estar com a mãe 24h por dia para mamar de acordo com sua necessidade ou, se não mama no peito, para manter o contato físico com o corpo do qual ele sente que ainda faz parte, como vinha sendo desde a vida intra-uterina e a mãe também sente que dela ele faz parte;
– porque um bebê ao nascer e nos seus primeiros meses de vida se tranquiliza quanto mais próximo estiver do som dos batimentos cardíacos que está habituado a ouvir desde que começou a desenvolver o sentido da audição, precisando dessa cadência para se sentir calmo e seguro;
– porque um bebê ao nascer e nos seus primeiros meses de vida tem necessidade de colo e movimento constante para sentir que não está sozinho dada sua total dependência para a satisfação de suas necessidades básicas e ele chora se a mãe se afasta, se o pai não está por perto. E não é bom que um bebê chore sem que ninguém lhe dê atenção porque é da sua fase de desenvolvimento ter necessidade de atenção constante e dependência;
– porque um bebê não é capaz de produzir com seu próprio corpo calor suficiente para se manter aquecido, precisando de uma fonte externa de calor (o corpo do outro). E somente as roupas também não podem cumprir esta função pois a roupa não fornece calor, apenas não deixa que ele se dissipe;
– porque é bioquímica e psicologicamente muito cruel tanto com a mãe quanto com o bebê separá-los durante um dia inteiro ou durante muitas horas mesmo que não seja um dia inteiro quando todos os seus hormônios, desejos e pensamentos estão voltados um para o outro, para manterem-se na simbiose saldável que faz parte desse momento único, passageiro e tão importante na vida de ambos;
– porque uma mulher ao ter um filho, graças a milhões de anos de evolução que muito primorosamente selecionaram nossos comportamentos e genes para que eles assim fossem, entra num grau de conexão com seu filho que não faz sentido fazer outra coisa que não cuidar dele, que é cuidar de si mesma (e isto é o chamado instinto materno, o desejo de cuidar do bebê uma vez que ele exista, não tem nada a ver com querer o não ter filhos);
– porque uma criança precisa de atenção e afeto dos pais desde os seus primeiros segundos de vida para se tornar uma pessoa segura, que saiba conviver em sociedade sem sofrer além da conta nem fazer outros sofrerem;
– porque os bebês dormem à sua maneira durante o dia e durante a noite, sendo seus ciclos cicardianos (do sono) totalmente diferentes dos dos adultos, se cumprindo em intervalos curtos, que na maioria das vezes implicam em poucas horas ou minutos seguidos de sono, ou seja, de tempo que a mãe estaria liberada para fazer outra coisa (por exemplo, home office);
– porque o bebê tira sonecas durante o dia, de 30 minutos, às vezes 1 hora, mas o tempo que a mãe leva para fazê-lo dormir profundamente a ponto de ele continuar dormindo mesmo que ela saia de perto muitas vezes é de 15, 20 minutos, 40 minutos, então, quando ela consegue deixar o bebê dormindo, ele já está para acordar! E ela então sabendo disso, na melhor das hipóteses (porque algumas mães se esquecem de si mesmas mais do que seria bom para elas), aproveita para ir ao banheiro ou tomar um banho;
– porque muitas mães, ao voltarem ao trabalho com seus filhos pequenos, brincam que trabalho (fora de casa) é descanso. E elas não fariam essa piada se isto não fizesse um sentido verdadeiro;
– porque uma atividade num escritório, numa empresa ou numa atuação profissional qualquer que seja pode ser realizada por outra pessoa sem que isso implique num prejuízo humano significativo. Os profissionais são substituíveis. O cuidado de um bebê não. A mãe e o pai são as melhores pessoas para fazê-lo e ninguém poderá fazê-lo em seu lugar sem que isso implique em prejuízo humano significativo;
– porque o trabalho que traz a renda para a família é muito importante mas se os laços não forem cuidados para que a família encontre um sentido de unidade a renda e o trabalho não serão desfrutados como recursos por pessoas que gostam de estar juntas;
– porque somos seres históricos. Nosso tempo não volta atrás…
Por esses e tantos outros motivos que venho aprendendo com pessoas muito batalhadoras, deixo aqui minha homenagem a todas as famílias, e hoje em especial às mulheres, que tentam conciliar trabalho e cuidado de filhos ou fizeram a opção de não conciliá-los, de alguma maneira. Acredito que ainda tenhamos muita luta pela frente para que os direitos acompanhem e respeitem nossas necessidades mais primordiais e legítimas!