Desde o momento em que nascem, os bebês iniciam um autêntico cortejo em torno de seus pais, suas figuras de apego, as que necessita para sobreviver. A ciência nos diz que a natureza dotou as famílias de ajuda em forma de neurotransmissores, hormônios e catecolaminas que viajam através dos nossos olhares, dos sons… é o que se conhece como instinto através dos sentidos, como vínculo de apego segundo a psicologia e que, definitivamente, são as provas irrevogáveis do imenso amor com o qual o bebê conquista nosso coração. De início, os bebês realizam gestos e ações instintivas, mas desde quando o bebê pode expressar para seus pais que os ama? Cristina Cortés, psicológa infanto-juvenil, diretora da Vitaliza (www.vitaliza.net) e autora do livro “Mirame. Siénteme. Estrategias para la reparación del apego en niños mediante EMDR”, explica que “durante o parto, a mãe e o feto compartilham uma liberação massiva de neurohormônios que vão facilitar um estado de sincronia entre ambos logo depois do nascimento. A oxitocina, hormônio do amor, tem seu pico mais alto depois do parto, propiciando o nascimento, a amamentação e o vínculo entre mãe e bebê, o amor maternal. Fomenta que a mãe se apaixone pelo bebê e que o bebê, ativado pelas catecolaminas, os hormônios do estresse, mostre interesse pela exploração de seu habitat natural, o corpo da mãe, e se vincule a ela”.
Os primeiros gestos de amor do bebê
Nos três primeiros meses, o bebê se dedica principalmente a ativar seus órgãos internos e regular seus estados. Esta regulação é feita através dos cuidadores, entrando em sincronia com eles, em especial com a mãe, por meio da regulação respiratória, cardíaca e da alimentação. Nessa etapa, não é necessária muita estimulação, a não ser o afeto e o carinho que acompanham os cuidados físicos.
A psicóloga Cristina Cortés afirma que “o bebê logo após nascer precisa se sentir seguro. Isso ele consegue através do contato pele-a-pele com sua mãe, ao estar repousado no peito sentindo as batidas do coração, reconhecendo o cheiro da auréola materna, que tem o mesmo cheiro do líquido amniótico da placenta, permitindo-lhe sentir-se em casa, e experimentar uma continuidade entre o útero e o novo espaço, o corpo de sua mãe. A segurança percebida permite que possa relaxar, que durma placidamente e em calma, que seu rosto se distenda, seu corpo se relaxe e que apareçam os sorrisos reflexos. Sentir a respiração pausada do bebê, percebê-lo relaxado e em paz, olhar seu sorriso e como derrama o leite pelas aberturas dos lábios, docemente adormecido, é um presente para qualquer mãe”.
O bebê experimenta uma capacidade de contágio emocional desde o nascimento ao ouvir outro recém-nascido chorar. Da mesma forma ocorre contágio das emoções vividas por seus cuidadores. A relação, o apego afetivo que vai se gerando entre a mãe e o bebê, o mesmo que o vínculo carinhoso que se estabeleça com o pai, vão criando as sementes dos futuros significados que o bebê vai outorgar aos estímulos sensoriais agradáveis e placenteros, através do signifcado que seus pais lhes dão e que compartilham com o bebê.
Os primeiros sorrisos do bebê
As primeiras condutas de aproximação e afeto do bebê são involuntárias e instintivas, num intento de buscar segurança e satisfazer suas necessidades. Esses atos reflexos de aproximação manifestam seu grau de conforto e propiciam o vínculo. Os primeiros sorrisos são reflexos e constituem uma estratégia da biologia para conquistar os cuidadores. O recém-nascido não pode nos pegar com suas extremidades, como o fariam os primatas, então nos conquistam com seus olhares e sorrisos, sobretudo se se sentem seguros e a salvo. Essa percepção de segurança é gerada pelos cuidadores com suas respostas de cuidado, contato, voz entonada e olhares sedutores.
São a mamãe e o papai os que trazem sentido as condutas do bebê ao colocar em palavras o que ele faz e assim se cria um significado compartilhado entre eles.
* Parte I do artigo “10 Pruebas de amor de que tu bebe te quiere”, por Maria Álvarez.